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segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um bom vinho e uma ótima conversa


Uma das coisas mais interessantes da gastronomia e a comunicação que ela proporciona. Com o vinho isso não é diferente, pelo contrário, é ainda mais intenso. Ao abrir uma garrafa de vinho com uma companhia agradável, e ficar falando da vida olhando a textura e sentindo o aroma, são uma das sensações mais encantadoras dessa arte. Neste final de semana tive o prazer de fazer isso. É bacana que as sensações que isso traz pra mim são diversas. Primeiramente o prazer, que vem munido de felicidade e até de uma pizza, como foi o caso, que desperta uma verdadeira viagem gastronômica.

Nessas horas eu paro para refletir, mais uma vez, sobre o quanto eu sou uma apaixonada pela gastronomia. Alguns teóricos que estudam o tema fazem relações diversas com o prazer e a união das pessoas por meio das degustações de pratos e vinhos. Outros ressaltam o consumo como fator predominante que é não somente a alimentação e sim envolvendo questões culturais e até mesmo sociais.

O consumo de alimentos, assim como a satisfação de qualquer apetite, há muito deixou de ter como objetivo principal a nutrição e, em vez disso, passou a conter inúmeros significados sociais, culturais e simbólicos. Nas sociedades de consumo da era industrializada, qualquer ideia, prática cultural e substância material concebível parece ter sido transformada pelas “forças de mercado”. Isso torna o desejo por comida não uma simples questão de atender às necessidades básicas de alimentação, e, sim, parte de um discurso social em que identidades pessoais e coletivas são definidas e apresentadas. A comida foi, desse modo, transformada em símbolo, ícone, tropo, signo e status. (SLOAN, 2005, pg.69,70)



A comida faz o papel de unir palavras entre pessoas e uma conversa munida de vinho seja ele branco, tinto, rose ou verde, do tipo seco, suave ou misto, costuma durar longas horas, ou até o vinho acabar. Mesmo assim, abre-se uma nova garrafa e a conversa prossegue com ainda mais fervor e benevolência. A vida é aberta como um livro da prateleira, a cada página uma surpresa ou mesmo uma inquietação; um vestígio de passado, mas a materialização da experiência. Essa troca, essa intensidade faz parte do presente, talvez o melhor presente.

Um comentário:

  1. Nossa, que texto mais bem estruturado! Acho que tem alguma coisa a mais aguçando sua vida e suas palavras!!!
    Parabéns!

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