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quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A saga do pão de queijo


O churrasco na cozinha do Tio Jorge fez o maior sucesso. Mas enquanto não acontece a parte 2, vamos discutir sobre a gastronomia pelos olhares do dia-a-dia.

Uma das coisas que mais gosto de comer é pão de queijo. Primeiro porque ele vem do pão, que é algo que gosto muito, e depois porque nascida em Brasília, terra da mistura de povos. Cresci aproveitando a boa gastronomia mineira com um pão fofinho, cheio de massa e queijo dentro e que é possível ser encontrado em qualquer esquina da cidade. Isso me lembra um trecho de SLOAN (2005):

O alimento está relacionado com o sustento e com a satisfação do apetite, tanto físico quanto simbólico, e a sua distribuição está ligada à organização de uma sociedade e à exibição de status e poder. Assim, observar quem come o quê, com quem e onde, é lançar luz em uma série de práticas políticas, econômicas e culturais. (SLOAN, p, 77, 2005)

No meu caso, trata-se realmente de uma questão cultural, de infância na minha cidade natal. Mas, há algum tempo estou em Curitiba, cidade linda, limpa, de gente bonita, um pouco fria, talvez, mas uma cidade muito boa para se morar. Onde entra o pão de queijo nessa história? A questão é que encontrar um pão de queijo gostoso como os dos mineiros radicados em BSB ou que pelo menos que tenha massa dentro, na capital paranaense é como procurar pinhão na Bahia. O pior de tudo é a minha frustração a cada lugar que vou experimentar. Quase sempre o pão é bonito e borrachudo, frio e sem massa (de vento, como eu sempre falo), ou simplesmente não tem gosto de nada. Muito triste!

Uma coisa interessante é que eu tenho uma amiga mineira, que eu já conheço há quatro anos, e a mãe dela faz um pão de queijo que certamente não existe igual no mundo. E sabem quantas vezes eu comi do tal pão de queijo? Uma vez na vida, e olha que foi por sorte do acaso que resolvi fazer aquela visitinha rápida e comi quase 20 pãezinhos daqueles. Inesquecível!

Pode ser que eu não esteja indo nos lugares certos. Mas, olha que tenho procurando muito, a cada panificadora, posto de gasolina, carrocinha do tio da esquina, e nada. Quem sabe alguém não me sugere algum lugar bacana para comer um super e bem gostoso pão de queijo?

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Jovens Tardes na cozinha do Tio Jorge

Aproveitando o começo da folga, que duraria quatro dias, fui a um churrasco no último sábado (9), ou melhor no famoso programa 'Jovens Tardes'. Pessoal animado, bebida à vontade e muita animação. O local da festa era um apartamento grande e aconchegante perto da Praça Espanha no Batel Soho. As pessoas estavam reunidas todas na cozinha, um pequeno corredor e talvez o menor lugar da casa – até o banheiro era maior. Uma das meninas levantou uma questão interessante que resolvi compartilhar aqui. Por que nas festas entre amigos a reunião é sempre na cozinha?É interessante pensar, ou passar a prestar atenção para tal fato.

Várias hipóteses podem ser levantadas para essa questão. Uma delas talvez seja o óbvio, é o lugar onde se encontra comida. Mas nem sempre as pessoas ficam comendo ali, estão paradas encostadas nos armários, ouvindo música e bebendo. Outra possibilidade é que as pessoas não pensam nisso, simplesmente largam suas cervejas na geladeira e vão ficando. Aos poucos as pessoas que chegam vão se acomodando, se apertando e não mudam de ambiente.

Alguns dos meninos sabem tocar violão e foram para a sala dar uma “canja” de alguns sucessos nacionais e internacionais. Permaneceram por menos de uma hora um grupo de umas oito pessoas cantando e aproveitando a “vibe”. Mas logo todas elas foram parar onde? Na cozinha novamente! Não tem jeito o negócio é mudar as estruturas das casas e apartamentos e fazer uma cozinha bem grande com sofás, cadeiras, pufs, TV e rádio.

O que mais achei bacana é que desde que comecei a estudar o assunto algumas curiosidades são levantadas sobre gastronomia e me divirto muito analisando cada situação.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Café da manhã pouco saudável


Diariamente quando pego o ônibus para ir ao trabalho, me deparo com diversas pessoas no terminal de ônibus degustando de seu café da manhã. O mais impressionante, a meu ver, é observar o cardápio matinal que é uma variação considerável de coxinhas, enroladinhos de alguma coisa, empanados de outras coisas, salgadinhos de pacote, refrigerantes e, às vezes aparece alguém com um simples pão de queijo. Fico impressionada como as pessoas conseguem se alimentar de tanta gordura pela manhã. Talvez elas pensem que, como comem correndo isso já vai sendo abatido no gasto energético da ida ao trabalho.

Porém, o mais interessante de se observar é o quanto o imediatismo dessa era atual tem acabado, ou pelo menos reduzido, alguns momentos de prazer principalmente no que diz respeito à alimentação. No meu caso, tomo café da manhã diariamente com a minha avó, que prepara um pão bem quentinho na frigideira recheado de requeijão e patê. Conversamos sobre como foi o meu dia anterior, o que pretendo fazer no feriado e coisas normais do cotidiano. Percebo que quando preciso sair correndo como as pessoas que já citei, o meu dia fica mais sem graça.

A formação do paladar ocorre muito cedo, e os desvios de padrão (ou dos verdadeiros padrões de paladar), como os impostos pelas dietas de lanches rápidos e de alimentos sem nenhum valor nutritivo, dificilmente serão corrigidos mais tarde. (SLOAN, 2005, pg. 183)

Cria-se nesta cabeça pensante que vos escreve, o quanto faz mal o hábito de comer fora de casa e com tanta velocidade. Acredito ser completamente saudável comermos em algum restaurante, lanchonete ou café, mas o momento da refeição um dia já foi considerado algo saudável e não somente um momento em que se precisa ingerir comida para o corpo aguentar o corre-corre.

Que tal aproveitarmos para repensar e desacelerar um pouquinho? Não coma simplesmente, aguce seu paladar e deguste os alimentos, de preferência algo mais saudável.




segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Um bom vinho e uma ótima conversa


Uma das coisas mais interessantes da gastronomia e a comunicação que ela proporciona. Com o vinho isso não é diferente, pelo contrário, é ainda mais intenso. Ao abrir uma garrafa de vinho com uma companhia agradável, e ficar falando da vida olhando a textura e sentindo o aroma, são uma das sensações mais encantadoras dessa arte. Neste final de semana tive o prazer de fazer isso. É bacana que as sensações que isso traz pra mim são diversas. Primeiramente o prazer, que vem munido de felicidade e até de uma pizza, como foi o caso, que desperta uma verdadeira viagem gastronômica.

Nessas horas eu paro para refletir, mais uma vez, sobre o quanto eu sou uma apaixonada pela gastronomia. Alguns teóricos que estudam o tema fazem relações diversas com o prazer e a união das pessoas por meio das degustações de pratos e vinhos. Outros ressaltam o consumo como fator predominante que é não somente a alimentação e sim envolvendo questões culturais e até mesmo sociais.

O consumo de alimentos, assim como a satisfação de qualquer apetite, há muito deixou de ter como objetivo principal a nutrição e, em vez disso, passou a conter inúmeros significados sociais, culturais e simbólicos. Nas sociedades de consumo da era industrializada, qualquer ideia, prática cultural e substância material concebível parece ter sido transformada pelas “forças de mercado”. Isso torna o desejo por comida não uma simples questão de atender às necessidades básicas de alimentação, e, sim, parte de um discurso social em que identidades pessoais e coletivas são definidas e apresentadas. A comida foi, desse modo, transformada em símbolo, ícone, tropo, signo e status. (SLOAN, 2005, pg.69,70)



A comida faz o papel de unir palavras entre pessoas e uma conversa munida de vinho seja ele branco, tinto, rose ou verde, do tipo seco, suave ou misto, costuma durar longas horas, ou até o vinho acabar. Mesmo assim, abre-se uma nova garrafa e a conversa prossegue com ainda mais fervor e benevolência. A vida é aberta como um livro da prateleira, a cada página uma surpresa ou mesmo uma inquietação; um vestígio de passado, mas a materialização da experiência. Essa troca, essa intensidade faz parte do presente, talvez o melhor presente.